Big Biker 2004

Primeira Etapa – 02 de maio.

Santo Antônio do Pinhal (SP)

Relato por João Faria, do Clube dos Amigos da Bike (CAB).

 

A corrida de 104 Km do Big Biker foi fantástica.

 

Na sexta feira, o CAB foi para a chácara do Paulo Pato em Taubaté. Descarregamos as coisas, colocamos uns panos (roupas) mais maneiros e nos socamos embolados no carro do Paulo Pato (eu, o Marcelo Amancio, Leori, Mauricio e o Sérgio) para dar um rolê e irmos até Sto Antônio do Pinhal e pegar os kits da competição no shopping. A cidade é muito bacana e como fica próximo a Campos do Jordão, é muito movimentada.

Pegamos os kits com a numeração, batemos um papo com a Emília e o pessoal do Big Biker e seguimos até Campos. Lá estava bem frio, quase cinco graus. Cidade de turismo, cheio de restaurantes finos, estava bem movimentada. Ficamos bem pouco e só tomei um cafezinho numa confeitaria, onde o pessoal bacana me olhava, eu, vestido com roupas de camelô e tênis All Star, como se eu fosse um mero engraxate - risos.

Mais tarde, juntaram-se a nós, Rodrigo e Rodolfo, também do CAB. Resolvemos dar um pulo até Quiririm, onde estava rolando uma big festa italiana nas ruas. Havia várias barracas de artesanato e alimentos típicos. Um grande palco com música italiana ao vivo, som bem Pró e muita, muita gente, gente de toda região, segundo falou o Marcelo. Aproveitamos e fizemos uma boquinha numa barraca de comida italiana, de olho no horário para não voltarmos muito tarde.

No sábado, acordamos às 5:30, tomamos banho, colocamos o material na Kombi e partimos para Sto Antonio dos Pinhais. Chegando lá, encontramos o Artur e o Edu. Fizemos os últimos preparativos, passamos pela inspeção e às 8:10, foi dada a largada. O pessoal do CAB se espalhou pelas ruas da cidade e agora era cada um por si, hehe.

Demos uma volta no centro e começamos a subir para a parte alta da cidade, caíndo na trilha que se enfiava no meio do mato. Daí em diante, só subidas e descidas até o descidão da serra, em direção ao Vale do Ribeira. Vc pode imaginar o tanto de descidas furiosas que encaramos, ora em estrada de chão, ora em singles por meio de sítios, riachos, vacas e moradores locais.

Chegando lá em baixo, o pessoal da categoria Pró, virava para a esquerda, enquanto a categoria Sport virava para a direita, para fazer uns 10 quilômetros, antes de encarar o subidão, de volta a Sto Antônio. A Pró, seguia pelo vale, em direção a estrada de terra batida, que passaria por Pinheirinho e seguiria até o asfalto que leva a Monteiro Lobato.

Nessa estrada de asfalto, com muitos buracos, avistávamos à nossa frente, a grande serra que deveríamos subir antes de chegar em Sto Antônio. Não preciso dizer que o visual é espetacular, tanto olhando a serra, de baixo, como olhando de cima da serra, para o Vale.

Nessa subida, parei num apoio que tinha uma bica (Km 56, acho), para pegar água, me lavar, comer um sanduba e lubrificar a corrente que estava sequinha do poeirão da estradinha lá de baixo, em Pinheirinho. Lá encontrei o Paulo Pato, que tinha furado e precisava calibrar o pneu. Demos muita risadas, porque o cara do apoio estava nos mostrando objetos que o pessoal, cansado, havia largado por lá, como mochilas, camel backs. Diziam: "Ô tiu! Vou deixar isso aqui com o senhor, depois eu pego, viu?" Parecia aquele lance de filme de deserto, onde os caminhantes, perdidos, vão largando os objetos de valor, as roupas e os cantis vazios pelo caminho. Montei na bike e terminei a subida do asfalto, caindo na estradinha de terra batida, no meio dos sitiozinhos novamente em direção à etapa final que era precisamente o descidão que havíamos passado no início da prova. Essa estradinha veio margeando o pé da serra, cruzando vários sítios e riachos de água limpinha.

Nesse trecho muito bacana, comecei a sentir que estava cansando, quando as minhas pernas passaram a apresentar pequenas ondas de choque que indicavam um inicio de câimbras. Maneirei um pouco e descobri que havia uma maneira especial de pedalar em que a câimbra não ameaçava (hummmm...vivendo e aprendendo).

Quando comecei a subir, o gás acabou. Descansei um pouco, continuei socando, mas cansava de novo muito rápido. Bem, seja o que for, vamos fazer o que der.

Numa dessas paradas, vindo mais controladamente, me alcançaram o Ronaldo Tacla e a Silmara. Descansaram um pouco e socaram a bota novamente. Eu, cada vez mais pregado e enjoado, fui ficando, ficando, até perceber que iria acabar me matando, sem conseguir chegar lá em cima antes da meia noite.

Ah, pelo que tinha pedalado até então (84 Km), já tava muito bom, considerando que havia passado por um resfriadinho chato durante a semana, que só melhorou a custa de duas injeções na quinta e na sexta. Por isso, quando o caminhão de apoio passou, joguei minha bike em cima e vim sacolejando e batendo papo com o cara do apoio, chamado Biscoito (ou seria Bolacha? eu ainda tava meio zonzo). Como esse era o último carro de apoio e não podia ultrapassar os caras que já não estavam pedalando, só empurravam e eram passivos de desistir, vínhamos bem lentamente, principalmente nos locais de subida.

Para minha sorte, passou por nós, uma C 14 vazia que estava voltando para Sto Antônio e pulei dentro. O motorista, chamado Dutra, só tinha que desmontar a barraca do último posto de controle, mas acabou me levando até a cidade. No caminho, passei pelo Professor Arnaldo, Ronaldo e Silmara, que subiam firmes as últimas pirambeiras, já bem próximos da bandeirada, mas não consegui cumprimentá-los porque a janela da picape estava amarrada com arame e a porta não abria por dentro, rs!

Na cidade, me juntei ao pessoal do CAB que papeava alegremente com a Emília, da organização do Big Biker, na praça onde havíamos largado. Me inteirei das novidades, contei o que sabia e fui, pelo amor de Deus, tomar um café na padaria, enquanto o pessoal se divertia relembrando os acontecimentos da corrida!

Quando todo o pessoal conseguiu se reunir novamente, nos despedimos de Sto Antônio dos Pinhais, e voltamos para a chácara do Paulo, em Taubaté, para tomarmos banho e voltarmos para SP. Em companhia do Artur e do Edu, paramos em uma churrascaria, na Dutra e enchemos o tanque com comida de verdade.

Consegui desabar na minha caminha às 1:30 da manhã, super cansado, mas com uma satisfação e bagagem na memória que dinheiro no mundo pode comprar e só um biker consegue entender.

Acesse a página do CAB: http://www.cab.com.br/

 

Fonte : www.bike.zzn.com